O Que Os Espíritos Dizem

Mitos e Verdades

Mitos e Verdades Sobre a
Doutrinação

Uma das tarefas mais complexas nas reuniões mediúnicas é, sem dúvida, a do doutrinador.

Para ser médium, é preciso ter uma condição orgânica propícia à realização dos fenômenos (de perispírito a perispírito). Neste sentido, o estudo e o preparo do médium, a concentração, a dedicação, a seriedade e o compromisso com a Espiritualidade não são condições imprescindíveis para a produção dos fenômenos, ainda que sejam essenciais para a excelência no exercício da mediunidade.

Muitos possuem a faculdade mediúnica sem o saber. Há médiuns que não são espíritas; há médiuns que sequer acreditam em Espíritos. A faculdade mediúnica independe da vontade do médium, assim como independe de sua condição intelectual, social e até mesmo moral. 

Liz Bittar

Não é raro encontrar médiuns que não se empenham em estudar a Doutrina através das obras de Kardec. A faculdade mediúnica, somada a um conhecimento genérico e superficial do Espiritismo, são – para muitos – suficientes para que exerçam a mediunidade. São muitos os que confiam mais em sua mediunidade e em seus “guias” do que no estudo sério e metódico da codificação Kardecista, tornando-se, não raras vezes, cegos condutores de cegos.

O médium tem, assim, o dever moral de se aplicar no estudo doutrinário, ainda que, do ponto de vista meramente fenomenológico, possa exercer a mediunidade sem isso.

Este não é, entretanto, o caso dos doutrinadores. O trabalho do doutrinador requer estudo e preparo, dedicação e conhecimento da doutrina espírita.

Em reuniões espíritas e em sessões de desobsessão, os médiuns psicofônicos são os que viabilizam a comunicação dos desencarnados, através da “incorporação”. Os doutrinadores são os interlocutores desses espíritos.

Se por um lado, esses Espíritos se manifestam até mesmo através de médiuns pouco preparados, os Doutrinadores, por outro lado, só conseguem exercer bem a sua função se forem conhecedores da Doutrina Espírita, muito especialmente do Evangelho Segundo O Espiritismo, do Livro dos Espíritos, do Livro dos Médiuns e de O Céu e O Inferno.

Ao contrário dos médiuns, os Doutrinadores não precisam de uma condição orgânica propícia à produção de fenômenos, ou seja, o doutrinador não precisa ser médium.

Muitas vezes, para o médium,  o trabalho mediúnico é uma necessidade mais do que uma vontade. Já, o Doutrinador assim o é por opção. O Doutrinador não precisa ter dom mediúnico, mas precisa ter conhecimento da doutrina.

Quando perguntado sobre qual é a maior necessidade do médium, Emmanuel respondeu que é “Evangelizar-se a si mesmo” (Emmanuel, em O Consolador).

Esta é, também, uma premissa básica para a doutrinação. Conhecer o Evangelho Segundo o Espiritismo, vivenciar o Evangelho, e revestir o coração de piedade, misericórdia, amor fraterno, caridade e humildade, para poder orientar os Espíritos que se comunicam através dos médiuns.

SOBRE OS ESPÍRITOS OBSESSORES E A DOUTRINAÇÃO

Os Espíritos que se manifestam em sessões espíritas ou de desobsessão não são necessariamente conhecedores do Espiritismo e da vida após a morte; muitos desconhecem sua própria condição na Espiritualidade. Muitos nem sabem que já desencarnaram. A manifestação desses Espíritos é permitida para que eles encontrem conforto, e uma orientação por parte dos Doutrinadores. Como conversar com esses Espíritos, levar-lhes esclarecimento, compadecer-se de suas dores e angústias, sem ser regido pelo EVANGELHO?

Para ser eficaz na doutrinação de Espíritos nestas condições, é preciso, antes de mais nada, conhecer – e SENTIR – o Evangelho. Mas é também necessário conhecer sobre a vida além da vida; este conhecimento está, essencialmente, no Livro dos Espíritos e em O Céu e O Inferno.  É claro que, sendo a literatura espírita tão vasta, o doutrinador pode se preparar estudando também O Livro dos Médiuns e a Revista Espírita de Kardec, além da série de 16 livros de André Luiz e de uma ampla variedade de autores espíritas. Mas o estudo detalhado e a reflexão profunda sobre O LIVRO DOS ESPÍRITOS e O CÉU E O INFERNO são o passo inicial para quem quiser se munir de conhecimentos necessários para prestar assistência a Espíritos sofredores, através da doutrinação.

Nas sessões de desobsessão, os Espíritos que se manifestam são, usualmente, revoltados, inconformados, desejosos de vingança. São espíritos que ainda não conhecem a Deus. Em sua ignorância sobre as leis divinas, eles se alimentam de sentimentos inferiores como o ódio e a inveja; promovem a desunião, almejam a infelicidade dos encarnados, a quem perseguem obstinadamente. São orgulhosos, e se recusam a reconhecer o Poder, as Leis, a Bondade e o Amor de Deus. São violentos, inescrupulosos, ardilosos. E são também nossos irmãos. O que devemos sentir por eles, senão compaixão? Haverá dor maior do que o sofrimento voluntário, decorrente da ignorância? Haverá câncer maior para a alma, do que o orgulho -  que cega e impede o Espírito de libertar-se de seus sentimentos inferiores, para alçar vôos mais nobres, e PROGREDIR?

Os Espíritos Obsessores são os que requerem de nós maior quota de compaixão e benevolência. São os mais necessitados de amor.

Ainda que exijam dos doutrinadores uma ação mais enérgica, pois que são recalcitrantes, sua resistência obstinada é um clamor explícito por misericórdia e caridade cristãs.

Nesses casos, só o amor não basta; é preciso ter poder de argumentação, para dissuadi-los de sua teimosia e obstinação no mal. Isso só se consegue com conhecimento da doutrina espírita.

Mas é preciso também sentir amor, compaixão, piedade e misericórdia por esses irmãos. Sentir, e emanar esses sentimentos, através de nossas vibrações fraternas, sinceras, envoltas em profundo recolhimento e concentração.

O ATO MEDIÚNICO

As comunicações espíritas se dão através do perispírito. Herculano Pires, a quem Emmanuel definiu como “o metro que melhor mediu Kardec”, explica muito claramente o Ato Mediúnico em seu livro Mediunidade, Cap. V, a saber:

“O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação.  O Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium (perispírito). A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque magnético, reage o perispírito do médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro.”

Como vemos na explicação acima, o espírito comunicante envolve o médium em suas vibrações espirituais, fazendo com que o médium sinta o que ele sente, em maior ou menor intensidade (o grau de intensidade, explica Herculano no Cap. IX, deve-se ao “maior ou menor grau de possibilidade de expansão das energias perispirituais do corpo do médium”).

Em uma via de mão dupla, o espírito comunicante não apenas emana suas vibrações, mas também recebe as vibrações do médium, e dos doutrinadores encarnados e desencarnados.

A doutrinação se dá, então, não apenas através da argumentação, mas também através da emanação fluídica. O espírito não é convencido apenas pela razão, mas – e muitas vezes, primordialmente – pelo coração, através das orações e muito especialmente, das vibrações.

O trabalho do doutrinador fundamenta-se, portanto, nesses dois pilares: o primeiro, é o Evangelho, o sustentáculo da alma, que ensina o amor fraterno de quem compreende sem julgar, para falar ao coração; e o outro, é o conhecimento teórico da doutrina,  para falar à razão.

O doutrinador deve, então, preparar-se. Munir-se de conhecimento, através das obras de Kardec, e de amor, através do Evangelho.

O DISCURSO E A INTENÇÃO

Nas doutrinações, o sentimento fala mais do que o discurso. Como vimos, o espírito manifestante SENTE as vibrações do médium. Quando o doutrinador é puro conhecimento, mas sem amor, sem piedade e sem compaixão, sua ação sobre o Espírito não é tão eficaz quanto a de um doutrinador que conversa com o Espírito não apenas com a razão, mas também com o coração.

O médium incorporado chega a sentir um calor reconfortante, com a mera aproximação de um doutrinador que vibra amor, que ora ao Pai por misericórdia, com sincera compreensão e respeito pelo sofrimento do Espírito comunicante.

Isto exige do doutrinador recolhimento e concentração. É muito difícil, eu sei, compenetrar-se em uma reunião mediúnica, especialmente quando várias manifestações mediúnicas ocorrem simultaneamente. Mas este é um exercício que todo doutrinador deve fazer: focar sua atenção no espírito comunicante, e não deixar sua mente distrair-se com o ambiente à sua volta.

PREPARAÇÃO DO DOUTRINADOR

Quando o médium se concentra para receber um espírito comunicante, é o momento em que também o doutrinador deve recolher-se em oração, rogando aos Mentores Espirituais que  possa ser intuído para melhor conduzir a doutrinação, e compreendendo que não pode prescindir da ajuda dos Espíritos Superiores que coordenam os trabalhos mediúnicos de assistência espiritual.

O doutrinador deve, então, preparar-se para acolher o espírito comunicante como uma mãe ou um pai acolhe um filho transtornado. Deve ter ouvidos pacientes, mas deve manter-se em permanente oração. Através da argumentação ponderada, sensata, deve conversar com o Espírito, fazendo-o enxergar em que medida sua obstinação no erro o impede de progredir. O Evangelho é sempre uma fonte de luz na qual devemos buscar argumentos para a persuasão do espírito.

EVITANDO O CAOS

Há casos, entretanto, em que o espírito comunicante é insolente, violento e até mesmo ofensivo, exigindo do doutrinador maior firmeza no trato. Em comunicações desse tipo, o doutrinador não preparado pode permitir que a conversa se transforme quase em uma discussão; espírito e doutrinador elevam o tom de voz, e cria-se um clima de animosidade. O doutrinador tenta, através de argumentações insistentes, convencer o espírito comunicante de que tem razão. Chama a atenção do espírito como quem repreende uma criança rebelde. Demonstra impaciência, e faz “ameaças” ao espírito (se você não se redimir, vai acontecer isso e aquilo com você). Atitudes muito erradas que jamais devem ser adotadas.

Com efeito, o que aprendemos na doutrina espírita é de que todos colhemos o que plantamos, e arcamos invariavelmente com as consequências de todos os nossos atos. Mas, em se tratando de espíritos recalcitrantes, rebeldes, obstinados no mal, muito mais do que a eloquência, vale a autoridade moral dos doutrinadores, tanto encarnados quanto desencarnados. Não adianta nada gritar, ameaçar, nem ter a pretensão de "mandar" o espírito fazer isso ou aquilo. Sem AUTORIDADE MORAL não se consegue nada. Sem oração, compaixão, e retidão, não se vai longe. 

A AUTORIDADE MORAL

O poder do doutrinador sobre os Espíritos Obsessores não está nas palavras, mas na sua autoridade MORAL. Por isso, para um doutrinador, mais vale o conhecimento e a PRÁTICA do Evangelho. Mais vale sentir do que discursar.

Toda a nossa argumentação deve ser revestida de amor e compaixão.  É claro que o espírito irá sofrer as consequências de seus atos – todos sofremos, invariavelmente. É claro que sua obstinação no mal irá retardar o seu progresso – assim ocorre com todos nós. Portanto, ao lado de uma argumentação lógica, clara, objetiva, fundamentada no Evangelho e no conhecimento doutrinário, devemos ter um coração aberto, amigo, acolhedor, compreensivo, que entende que eles e nós não somos diferentes – que estamos todos sujeitos à queda. Peçamos então, para esses irmãos, a mesma misericórdia que pedimos para nós.

A PRESSA. AI, A PRESSA...

É muito comum que doutrinadores demonstrem uma certa impaciência com espíritos sofredores, ou obstinados no mal. Esses espíritos são de difícil convencimento, não aceitam as argumentações dos doutrinadores, sempre tem uma resposta contrária na ponta da língua. É então que muitos doutrinadores entregam os pontos: “Vai com esses irmãos que vieram te buscar”, é o que mais se ouve...

É bem verdade que a maior parte do trabalho de encaminhamento dessas entidades se dá no plano espiritual, e não no material. A comunicação mediúnica é apenas o primeiro passo, o choque anímico, que permite que o espírito compreenda sua real situação. É o início de um processo, que terá sua continuidade no Plano Espiritual.

Mas, se os Espíritos Superiores, coordenadores desse trabalho de resgate e encaminhamento dessas entidades (irmãos que se encontram em sofrimento, muitas vezes em situações desesperadoras, do outro lado da vida), permitem que nós, encarnados, participemos deste banquete – apesar das nossas limitações, que não são poucas – devemos pelo menos tentar fazer a nossa parte da melhor forma possível.

E é aí que pecam os doutrinadores que parecem não ter tempo – ou interesse – em ouvir o espírito, em aliviar-lhe as dores, em ser solidário, em esclarecer. Repetem insistentemente a fórmula “vai com esses irmãos que vieram te buscar” como quem deseja se livrar de um incômodo o mais rápido possível.

É claro que, nas sessões mediúnicas, sofremos as restrições de tempo, mas temos que compreender que todo o trabalho mediúnico sério, voltado ao bem, é coordenado por Mentores Espirituais que têm o controle da situação. Façamos nós o nosso trabalho da melhor forma possível, do lado de cá, tendo a certeza de que eles farão o deles, do lado de lá.

O CHOQUE ANÍMICO

Espíritos sofredores se beneficiam do choque anímico. Lembremos que esses espíritos são nossos irmãos, que se encontram em situação de grande desconforto, muitas vezes ignorando sua condição de desencarnados, muitas vezes vivendo situações dolorosas num moto contínuo, sem conforto, sem consolação, sem esperança.

A troca mediúnica é para eles um grande alívio: poder compartilhar a dor, encontrar quem os ouça, muito especialmente, quem os compreenda. Em casos assim, permitir que o Espírito possa desabafar é um ato de caridade. Ouvir, aconselhando, compreendendo, mantendo-se em oração sincera, rogando a Deus pelo alívio de todas as dores da alma desse nosso irmão em sofrimento, é a doação cristã que se espera dos doutrinadores encarnados.

“AFASTANDO” OS MAUS ESPÍRITOS

“O Espírito Que Está Obsediando Alguém, ou Causando Transtorno em um Lar, Precisa Ser Afastado”. Como é triste constatar que esta é, muitas vezes, a crença de doutrinadores, trabalhadores de sessões espíritas de desobsessão. Não porque esta crença seja de todo errada – mas ela é, indubitavelmente, incompleta.

Os Espíritos que se apresentam em sessões de desobsessão, são muitas vezes recebidos com reservas – como se fossem “classificados”, por assim dizer, em uma categoria que não é merecedora de muita conversa e atenção; o foco dos trabalhos passa a ser o de “afastar” a entidade, como quem se livra de um câncer.

Doutrinadores e trabalhadores das Casas Espíritas, que têm esta visão, devem compreender que todo processo de obsessão é uma VIA DE MÃO DUPLA. A nós não cabe julgar quem é culpado e quem é vítima; nossa função não é analisar, dar receita, ou atuar como juízes. Não somos nada disso. Somos imperfeitos, com conhecimentos limitados, tão pecadores como  os algozes e suas supostas vítimas. 

Como doutrinadores, não nos empenhemos em “afastar” maus espíritos, mas em “resgatar” almas desviadas da senda do progresso. Tenhamos uma palavra solidária, em vez de acusatória. Tenhamos um olhar compassivo, em vez de recriminador.

PENSAMENTO E AFINIDADE

Espíritos bons e maus ligam-se a nós por afinidade – quando compartilhamos dos mesmos sentimentos, dos mesmos interesses, das mesmas ambições. É pelo pensamento que eles se ligam a nós.

O trabalho doutrinário que almeja o “afastamento” da entidade perturbadora deve levar isto em conta. Qual a eficácia de mandar o espírito se afastar dos encarnados a quem perturba, repetindo insistentemente a fórmula “vai com esses irmãos que vieram te buscar”, se isso não vier acompanhado da conversa fraterna e respeitosa, com o intuito de atingir o esclarecimento necessário para que o espírito seja não apenas persuadido, mas sobretudo ajudado a desvencilhar-se dos laços que os unem aos encarnados?

Doutrinadores, reflitam sobre isso. Não somos imunes de erros, para dar “lição de moral” a quem quer que seja. O máximo que podemos fazer é oferecer nossas preces, nossa solidariedade, nossa compaixão, e compartilhar com esses irmãos o pouco conhecimento que temos sobre a vida espiritual, rogando ao Pai que eles sejam socorridos, e lembrando que nós mesmos poderíamos estar nesta situação.

A CURA

As doutrinações exitosas logram reconduzir o Espírito à senda do progresso. Ao reconhecerem os seus erros, despojarem-se do orgulho, caminham em direção à LIBERTAÇÃO. Deixam para trás os sentimentos inferiores de inveja, ódio, vingança, desarmonia, ira, revolta, inconformismo, e são fortalecidos para que possam trilhar novos caminhos, em direção ao progresso a que somos destinados todos nós.

Em uma doutrinação que atinge o seu mais nobre objetivo, o espírito arrependido é levado a um ato de contrição. É um momento sublime.

O que podemos nós fazer, senão agradecer ao Pai a oportunidade de poder participar do momento de redenção de uma alma, sabendo que nós mesmos somos falíveis, imperfeitos, tão pequenos e com tantos, tantos defeitos...

O que podemos nós fazer para sermos merecedores desta dádiva, senão prepararmo-nos seriamente, aplicando-nos no estudo para sermos eficazes em nossa pequena parcela  de contribuição – e, sobretudo, emanando muito amor – o mesmo amor de que um dia já precisamos, e quem sabe um dia, voltaremos a precisar.

Estudo, compenetração, seriedade e amor – não é muito, para quem é convidado para participar de tamanho banquete espiritual.

OS ENCARNADOS

Médiuns e doutrinadores muitas vezes complementam o trabalho de desobsessão, orientando os encarnados sobre este processo. A intenção é louvável, e este também é um trabalho de caridade cristã, de doação fraterna, que busca confortar os encarnados em suas muitas aflições.

Mas, convenhamos, que outro conselho podemos dar aos encarnados que recorrem ao atendimento fraterno, senão o de aplicarem-se na oração? O que mais podemos lhes dizer, além do que está no Evangelho?

Abstenhamo-nos de prescrever fórmulas mágicas, pois que elas são pura superstição. Abstenhamo-nos de pormenorizar as comunicações dos espíritos atendidos, pois que não nos cabe analisar e muito menos, transformá-las em tópico de conversação. Em bocas desavisadas, isso passa rapidamente de informação, a fofoca...

Mantenhamos essas comunicações sob o véu da reserva respeitosa, não expondo nossos irmãos desencarnados. Oremos por eles, em vez de falar deles – em vez de explicitar suas ações maléficas, dediquemos a eles nossas vibrações fraternas e amorosas.

Essas comunicações não devem se transformar em tópico de conversação, mas em motivo de súplica e oração. Lembremo-nos delas no silêncio de nossas preces, mais do que nas rodas de bate-papo.

LIVRANDO-SE DO “ENCOSTO”

Muitos encarnados recorrem às Casas Espíritas para se livrar de um problema. Poucos são os que querem melhorar a si mesmo.

Se podemos ajudar esses irmãos de alguma maneira, é justamente conscientizando-os que a salvação vem de dentro pra fora, e nunca o contrário.

Não há como “afastar os maus espíritos” se continuarmos a alimentar os sentimentos inferiores que os atraíram, em primeiro lugar. Não há mágica nessas relações: Se, de um lado, os Espíritos precisam ser doutrinados e encaminhados na espiritualidade, do outro, os encarnados precisam também se evangelizar, para compreender sua parcela de responsabilidade por todo o mal que atraem para si mesmos.

Mas, não cabe a nós, trabalhadores das Casas Espíritas, promover o sermão corretivo. Basta-nos aconselhar a ORAÇÃO.

O Culto do Evangelho no Lar, a leitura diária do Evangelho e o hábito da oração são os mais eficazes antídotos contra todas as obsessões e más influências. Aprendamos – e ensinemos – a fazer de nosso encontro com Deus uma prática diária e constante. Aprendamos – e ensinemos – a conversar com Ele em todos os momentos do dia, a confiar a Ele as nossas aflições e angústias, e a receber Dele as intuições do caminho a seguir.

Que “receita” podemos dar, senão a de fortalecer a alma, com a força do Evangelho – e a de se reequilibrar,  através da FÉ?

Se nós, trabalhadores das Casas Espíritas, podemos aconselhar, que seja levando o Evangelho. Se podemos ajudar a “afastar maus Espíritos” que seja através do fortalecimento das almas com a luz do Evangelho. De resto, lembremo-nos de nossas próprias imperfeições, e do quanto nós mesmos somos necessitados dessa Luz.

Não há caminhos fáceis nem rápidos à salvação. Ninguém a traz pra você de bandeja. O seu Encontro com Deus é único, exclusivo. É uma experiência pessoal e intransferível. Se nós, Espíritas, ajudarmos de alguma forma a promover este Encontro, então tudo terá valido a pena.



por Liz Bittar em 15/11/2013
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