RESPOSTA:

Prezada Nadja,

Sua pergunta me sensibilizou. Deve ser muito desesperador ver um ente querido partir tão de repente, e ficar com a sensação de vazio; ficar remoendo o que poderia ter dito ou feito – se arrepender por algo que disse, se arrepender por algo que poderia ter feito e não fez.

Pensar que você poderia ter pedido desculpas, ou ter dito que perdoou e já esqueceu aquela mágoa… Quantas oportunidades desperdiçadas…

Tanto mais desesperador é pensar que isso é irreversível. Por isso, me compadeço daqueles que não crêem na sobrevivência do espírito após a morte do corpo físico. Viver com a sombra do nada, do fim, deve ser muito angustiante.

Daí o conforto que a doutrina espírita nos traz, ao nos ensinar sobre a vida do espírito aqui e no além. Nós somos espíritos eternos, nossa vida não começa nem acaba em uma única existência.

Da mesma forma, as afeições são eternas. Não morrem com a morte do corpo físico; o que morre é a matéria, os órgãos. Os sentimentos não pertencem ao corpo, pertencem ao espírito – e os carregamos conosco, dentro de nós.

Então, o que podemos dizer a você, que está experimentando a angústia de ter tanto a dizer, para alguém que não se encontra mais no Plano Físico? Como comunicar-se com ele, e dizer o que você traz dentro do peito, se ele não tem mais ouvidos, não está perto, você não o vê nem o escuta?

Pois te respondo: não fale aos seus ouvidos, fale ao seu coração. Fale de coração a coração, de pensamento a pensamento, de sentimento a sentimento. Não fale com a voz do corpo, fale com a voz da alma.

Parece poesia, não parece? Mas os Espíritos nos ensinam, através da obra de Allan Kardec, que é pelo pensamento que nos comunicamos com os Espíritos, e o meio mais eficaz é a prece, a saber:

LIVRO DOS ESPÍRITOS, PERGUNTA 150: A alma conserva a sua individualidade após a morte?

Resposta dos Espíritos: Sim, não a perde jamais. O que seria ela se não a conservasse?

LIVRO DOS ESPÍRITOS, PERGUNTA 150 – a) Como a alma constata a sua individualidade, se não tem mais o corpo material?

Resposta dos Espíritos: Tem um fluido que lhe é próprio, que tira da atmosfera de seu planeta e que representa a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.

LIVRO DOS ESPÍRITOS, PERGUNTA 237. A alma, uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida?

Resposta dos Espíritos: Sim, e outras que não possuía, porque o seu corpo era como um véu que a obscurecia. A inteligência é um atributo do Espírito, mas se manifesta mais livremente quando não tem entraves.

LIVRO DOS ESPÍRITOS, PERGUNTA 282. Como os Espíritos se comunicam entre si?

Resposta dos Espíritos: Eles se vêem e se compreendem; a palavra é material: é o reflexo da faculdade espiritual. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação constante; é o veículo da transmissão do pensamento, como o ar é para vós o veículo do som; uma espécie de telégrafo universal que liga todos os mundos, permitindo aos Espíritos corresponderem-se de um mundo a outro.

SOBRE AS SENSAÇÕES NOS ESPÍRITOS, LEIA:
Livro dos Espíritos, Cap. 8 – Vida Espírita

• Percepções, Sensações e Sentimentos dos Espíritos

• Ensaio Teórico sobre as Sensações nos Espíritos

• Resumo: Sofrimento dos Espíritos Depois da Morte

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAP. 27: PEDI E OBTEREIS

AÇÃO DA PRECE – TRANSMISSÃO DO PENSAMENTO

9 – A prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o ser a que nos dirigimos.* Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Podemos orar por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para Deus. Quando oramos para outros seres, e não para Deus, aqueles nos servem apenas de intermediários, de intercessores, porque nada pode ser feito sem à vontade de Deus.

10 – O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele.* Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem as suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados.*

Esta explicação se dirige sobretudo aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar compreensíveis os seus efeitos, ao mostrar que ela pode exercer ação direta e positiva. Nem por isso está menos sujeita à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, e único que pode dar eficácia à sua ação.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

*os grifos são meus

Cara Nadja, você vai se sentir confortada se cultivar o hábito de orar por ele, e conversar com ele mentalmente, através de suas orações.

Mas é preciso você compreender que o espírito continua a sua caminhada de progresso, depois da morte do corpo. Assim sendo, ficar preso às sensações e aos problemas na Terra não lhe fazem nenhum bem.

Uma vez que a força do nosso pensamento pode ser sentida pelos espíritos, é preciso cuidar para não sermos egoístas, prendendo-os a nós, sofrendo sua partida, lamentando-nos inconformados.

O amor verdadeiro é LIBERTADOR. Alegra-se pelo outro, deseja-lhe o bem, onde quer que esteja. Se ele não está fisicamente perto de você, pode estar em espírito. Portanto, cabe a nós que permanecemos na Terra, enviar aos nossos entes amados mensagens ENCORAJADORAS, de esperança na certeza do reencontro.

Com toda a certeza o seu marido agora vê o íntimo dos seus sentimentos, e é assim que você irá se comunicar com ele; sem a exteriorização das palavras, que servem muitas vezes para dissimular o que realmente sentimos. Apenas de coração a coração.

Guarde dele as boas lembranças, e não se lembre dele com angústia nem pesar. Lembre-se dele com amor libertador, e todas as vezes que a saudade apertar, diga para ele: "Foi uma felicidade termos uma encarnação juntos, de parceria, de amor e amizade. Foi uma grande felicidade para mim ter sido sua companheira nessa encarnação. Sou-lhe grata por seu amor e sua dedicação, mas agora desejo que você se liberte, alce novos vôos, e SEJA FELIZ!"

Por último, quero dizer que sei que essas palavras são vazias, se você não compreende ou aceita a teoria de que somos espíritos eternos, e que nada começa, nem termina aqui.

Para entender as relações entre o mundo físico e o mundo espiritual, recomendo a leitura da obra de Kardec (links abaixo).

Desejo-lhe muita paz,
Liz Bittar

por Liz Bittar
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