O Que Os Espíritos Dizem

A "COREOGRAFIA" DO PASSE

A coreografia do passe tem por base a crença ingênua de que o médium deva – ou possa – manipular os fluidos emitidos no passe.

Mais uma vez, vou me valer da figura do piano e pianista, que reflete bem o papel do médium nas manifestações espíritas: o médium é o instrumento, o piano! É claro que um piano afinado emite um som mais limpo, mais bonito, mas o mérito de toda a obra é do pianista. Um bom pianista pode tocar um lindo concerto mesmo em um piano de má qualidade. Mas um mau pianista não vai fazer maravilhas, mesmo se servindo do melhor dos pianos.

É assim que deve ser compreendida a importância do médium nas comunicações: o médium é um INSTRUMENTO; deve ter a postura e a humildade necessárias para SERVIR. O médium é nada mais do que um PRESTADOR DE SERVIÇO. Não deve pretender assumir a função do pianista, e muito menos interferir na obra!

É ingênua, senão pretenciosa, a crença de que o médium, gesticulando, pode “retirar” maus fluídos e depois desfazer-se deles (espalmando as mãos, para “jogar fora” os maus fluidos...) ou “espalhar” os fluidos pelo corpo de quem recebe o passe. O médium consciente de sua missão de SERVIR, tem que se colocar humildemente à disposição do Alto, colocando-se como mero instrumento; deve ter a seriedade e a humildade necessárias para, colocando-se a serviço do Bem, recolher-se em oração, pedindo a Deus para que suas imperfeições possam ser suplantadas pelo desejo sincero de servir aos Bons Espíritos em benefício do próximo.

Desta forma, as orações decoradas, que parecem reger o passe coreografado, perdem a força, pois que não exigem do médium recolhimento e concentração. Também a duração do passe não pode ser delimitada, pois isso denota um ritual. O passe não é, e não pode ser, um ritual. O médium que se colocar a serviço dos Bons Espíritos, e se recolher em sincera oração, de forma compenetrada, será intuído do tempo necessário para a emissão de fluidos através do passe – não há curso capaz de medir o tempo que cada pessoa necessita, para receber os fluidos regeneradores do passe, manipulados e conduzidos pelos Espíritos. São eles os jardineiros; os médiuns são a enxada!

Devemos, então, como espíritas, esclarecer as mentes e combater essas práticas rituais que tanto se distanciam de Kardec. Para o passe, como ato exterior, basta a mera imposição das mãos – mas a eficácia do passe está na prece, no recolhimento, no sincero desejo de doação; tanto é verdade que existe o passe à distância. E nós, espíritas, devemos nos lembrar de que “não existe Espiritismo sem Espíritos”; não somos nós, e sim os Espíritos, que manipulam os fluidos emanados no passe. No passe, como em todas as manifestações espíritas, o que vale é mais oração, e menos gesticulação.

texto por Liz Bittar

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Obrigada

O QUE OS ESPÍRITOS DIZEM, ATRAVÉS DA OBRA DE ALLAN KARDEC:

LIVRO DOS MÉDIUNS, PARTE 2, MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS, CAP. XIV OS MÉDIUNS, ITEM 176, PERGUNTA 9:

Pergunta de Kardec: Existem fórmulas de preces mais eficazes do que outras para esse caso?

Resposta dos Espíritos: Só a superstição pode atribuir virtudes a certas palavras. E somente os Espíritos ignorantes ou mentirosos podem entreter essas ideias, prescrevendo fórmulas. Entretanto, pode acontecer que para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de entender as coisas puramente espirituais, o emprego de uma fórmula contribua para lhes infundir confiança. Nesse caso, a eficácia não é da fórmula, mas da fé que foi aumentada pela crença no uso da fórmula.

LIVRO DOS ESPÍRITOS, LIVRO SEGUNDO – MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO 9 – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO -

ITEM VII: PODER OCULTO, TALISMÃS, FEITICEIROS

Pergunta 553: Qual pode ser o efeito de fórmulas e práticas com as quais certas pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos?

Resposta dos Espíritos: O de as tornar ridículas, se são de boa-fé; no caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são charlatanices; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.

LIVRO DOS MÉDIUNS, PARTE 2, MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS, CAP. XX, INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM - NOTA DE ERASTO

"Já o dissemos: os médiuns, como médiuns, exercem influência secundária nas comunicações dos Espíritos. Sua tarefa é a de uma máquina elétrica de transmissão telegráfica entre dois lugares distantes da Terra. Assim, quando queremos ditar uma comunicação, agimos sobre o médium como o telegrafista sobre o aparelho. Quer dizer, da mesma maneira que o tique do telégrafo vai traçando, a milhares de léguas, numa tira de papel, os sinais reprodutores do despacho, nós também nos comunicamos através das distâncias imensuráveis que separam o mundo visível do mundo invisível, o mundo imaterial do mundo encarnado, aquilo que desejamos vos ensinar por meio do aparelho mediúnico."

OBSESSÃO, O PASSE, A DOUTRINAÇÃO, de José Herculano Pires

Excertos:

"O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo."

"As encenações preparatórias: mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante, só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente."

"Todas essas tolices decorrem essencialmente do apego humano às formas de atividades materiais. Julgamo-nos capazes de fazer o queu não nos cabe fazer. Queremos dirigir, orientar os fluidos espirituais como se fossem correntes elétricas, e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós. O passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficientemente humilde para compreender que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que ele pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário. Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles?"

"O passe espírita é prece, concentração e doação. Quem reconhecer que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual."

SOBRE A TÉCNICA DO PASSE:

"Os elaboradores e divulgadores de técnicas do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe não pertence anos, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores. Só eles conhecem a situação real do paciente, as possibilidades de ajuda-lo em face de seus compromissos n as provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita, e assim por diante."

"Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que merecem e de que necessitam. Nada sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada e eficaz de aplica-los, dos efeitos diversos que eles podem causar. Na verdade, o médium só tem uma percepção vaga, simplesmente epidérmica, dos fluidos. É simples atrevimento – e portanto charlatanismo – querer manipulá-los e distribui-los a seu modo e a seu critério."

"O passe não é um ato de magia, mas uma ação consciente de súplica às entidades espirituais superiores que nos amparam."

José Herculano Pires em Obsessão, O Passe, A Doutrinação