O Que Os Espíritos Dizem

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Perguntas dos Leitores

Assassínios


Alcides Carlos postou o seguinte comentário em nossa Página no Facebook:

"Sobre está matéria da Síria , tudo tem seu dia e hora marcada, os espíritos são imortais, não eternos eterno somente Deus , mas o que me repudia é saber que um espirito veio a terra pelas escolhas feitas por ele , para matar milhares de crianças , mesmo ele tendo o livre arbítrio pelas escolhas tanto como espirito como homem , e matou milhares de pessoas inocentes , isso me repudia muito".


RESPOSTA:

Esta indignação de Alcides é o que a maioria das pessoas sente, quando tragédias como a da Síria ocorrem. Por isso, o comentário merece uma abordagem à luz do Espiritismo.

Vou iniciar minha resposta citando um trecho de Mateus, XVIII: 6-11

“Ai do mundo, por causa dos escândalos. Porque é necessário que sucedam escândalos, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Cap. 8, Bem Aventurados os Puros de Coração, explica essa afirmação de Jesus: A palavra escândalo não é apenas tudo o que choca a moral; no sentido evangélico, escândalo é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições humanas, todas as más ações de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussões”.

E, no mesmo tópico, encontramos a seguinte explicação nos itens 13 e 14:

13 – É necessário que sucedam escândalos no mundo, disse Jesus, porque os homens, sendo ainda imperfeitos, têm inclinação para o mal, e porque as más árvores dão maus frutos. Devemos, pois, entender por essas palavras, que o mal é uma consequência da imperfeição humana, e não que os homens tenham obrigação de praticá-lo.

14 – É necessário que venha o escândalo, para que os homens, em expiação na Terra, se punam a si mesmos, pelo contato de seus próprios vícios, dos quais são as primeiras vítimas, e cujos inconvenientes acabam por compreender. Depois que tiverem sofrido o mal, procurarão o remédio no bem. A reação desses vícios serve, portanto, ao mesmo tempo de castigo para uns e de prova para outros. É assim que Deus faz sair o bem do mal, e que os próprios homens aproveitam as coisas más ou desagradáveis.

E, mais adiante, no item 16:

16 –Mas ai daquele por quem vem o escândalo: quer dizer que o mal sendo sempre o mal, aquele que serviu, sem o saber, de instrumento para a justiça divina, sendo utilizados os seus maus instintos, nem por isso deixou de fazer o mal, e deve ser punido. É assim, por exemplo, que um filho ingrato é uma punição ou uma prova para o pai que o suporta, porque esse pai talvez tenha sido um mau filho, que fez sofrer o seu pai, e agora sofre a pena de talião. Mas o filho não terá desculpas por isso, e deverá ser castigado por sua vez, através dos seus próprios filhos ou de outra maneira.

MEUS COMENTÁRIOS

Deus é justo e, se permite o mal, é para que o homem dele se beneficie.

Deus nos deu o livre-arbítrio, e respeita o nosso livre-arbítrio; ou seja, somos responsáveis por nossas boas escolhas, das quais colheremos os devidos frutos, como também pelas más, das quais sofreremos as consequências.

Mas aquele que serviu de instrumento da justiça divina agiu por sua própria escolha, usando de seu livre arbítrio – e sofrerá as consequências dos seus atos.

O homem, ao renascer, traz consigo suas boas ou más inclinações. Passa pelo gênero de provas escolhido por ele mesmo antes de nascer, porque sabe que essas provas são necessárias tanto ao seu adiantamento, quanto à expiação de suas faltas em existências anteriores. Portanto, o homem é colocado no meio adequado, para passar por essas provas. Se as vencerá, ou sucumbirá a elas, é uma decisão pessoal – disso consiste o livre-arbítrio.

Sobre a Escolha das Provas, vemos no Livro dos Espíritos, as seguintes explicações:

Pergunta 258. No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?

Resposta dos Espíritos: Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio.

Pergunta 258 a) Não é Deus quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?

Resposta dos Espíritos: Nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi ele quem estabeleceu todas as leis que regem, o Universo. Perguntareis agora por que ele fez tal lei em vez de tal outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos seus atos e das suas conseqüências; nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi malfeito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que o criastes, mas Deus; tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento; e Deus o permitiu.

Pergunta 259. Se o Espírito escolhe o gênero de provas que deve sofrer, todas as tribulações da vida foram previstas e escolhidas por nós?

Resposta dos Espíritos: Todas, não, pois não se pode dizer que escolhestes e previstes tudo o que vos acontece no mundo, até as menores coisas. Escolhestes o gênero de provas; os detalhes são conseqüências da posição escolhida, e freqüentemente de vossas próprias ações. Se o Espírito quis nascer entre malfeitores, por exemplo, já sabia a que deslizes se expunha, mas não conhecia cada um dos atos que praticaria; esses atos são produtos de sua vontade ou do seu livre-arbítrio. O Espírito sabe que, escolhendo esse caminho, terá de passar por esse gênero de lutas; e sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe quais os acontecimentos que o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias e da força das coisas. Só os grandes acontecimentos, aqueles que influem no destino, estão previstos. Se tomas um caminho cheio de desvios, sabes que deves ter muitas precauções, porque corres o perigo de cair, mas não sabes quando cairás, e pode ser que nem caias, se fores bastante prudente. Se, ao passar pela rua, uma telha te cair na cabeça, não penses que estava escrito, como vulgarmente se diz.

Pergunta 260. Como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida?

Resposta dos Espíritos: É necessário ser enviado ao meio em que possa sofrera prova pedida. Pois bem, o semelhante atrai o semelhante, e para lutar contra o instinto do bandido é preciso que ele se encontre entre gente dessa espécie.

Vemos, então, que a expressão “eu não pedi pra nascer” é incorreta; na grande maioria dos casos, não apenas pedimos para nascer, como pedimos as circunstâncias nas quais viveremos, porque elas são o meio ideal para atingirmos nosso propósito de progresso, em uma encarnação.

Nascemos, portanto, no lugar certo, na época certa, nas condições adequadas, com as pessoas certas para realizarmos o progresso espiritual que nós mesmos planejamos, antes de reencarnar. E todos nós trazemos conosco nossas inclinações boas ou más – sendo que nenhum de nós está isento de más inclinações, frutos de nossas faltas passadas, ou reflexo de um progresso que ainda não atingimos.

Alguns Espíritos trazem consigo uma predisposição natural a certas práticas, mas a decisão de ceder a elas é sempre pessoal, e nunca uma fatalidade.

Sobre isso, o Livro dos Espíritos nos traz a seguinte explicação, no item Fatalidade:

861. O homem que comete um assassinato sabe, ao escolher a sua existência, que se tornará assassino?

Resposta dos Espíritos: Não. Sabe apenas que, ao escolher uma vida de lutas, terá a probabilidade de matar um de seus semelhantes, mas ignora se o fará ou não, porque estará quase sempre nele tomar a deliberação de cometer o crime. Ora, aquele que delibera sobre alguma coisa é sempre livre de a fazer ou não. Se o espírito soubesse com antecedência que, como homem, devia cometer um assassínio, estaria predestinado a isso. Sabei, então, que não há ninguém predestinado ao crime e que todo crime, como todo e qualquer ato, é sempre o resultado da vontade e do livre-arbítrio. De resto, sempre confundis duas coisas bastante distintas, os acontecimentos materiais da existência e os atos da vida moral. Se há fatalidade, às vezes, é apenas no tocante aos acontecimentos materiais, cuja causa estafara de vós e que são independentes da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, emanam sempre do próprio homem, que tem sempre, por conseguinte, a liberdade de escolha: para os seus atos não existe jamais a fatalidade.

CONCLUSÃO

Nossa compreensão da Justiça Divina ainda é muito imperfeita, e temos a tendência a atribuir a Deus defeitos que são nossos. Deus não nos pune; Ele nos concede o livre-arbítrio, tornando-nos responsáveis por nossos atos, e portanto, passíveis de sofrer suas consequências – que são sempre justas.

Se padecemos em uma existência o mal que cometemos em outra, devemos entender isso como o remédio amargo que nos irá curar. Se Deus é Justo para com todos, não pode deixar nenhuma falta passar incólume. É assim que, se restringirmos nosso olhar a uma única existência, teremos sempre dificuldade em compreender episódios como a matança indiscriminada de crianças, que você citou. Da mesma forma, temos também dificuldade em aceitar o fato de que muitos déspotas parecem não ser punidos – quantos vemos viver uma vida de conforto e poder, sem alcançar reprimenda na Terra. Por isso, é preciso estender o olhar para além de uma única encarnação, e entender que o progresso do Espírito é uma linha contínua, que não começa nem termina em uma única existência corpórea.

E entender também que somos sempre punidos naquilo em que pecamos, e que todas as faltas morais são escolhas pessoais. A responsabilidade por nossas escolhas, e a punição por nossos atos não devem ser impostas a ninguém, além de nós mesmos.

É o que nos diz a mensagem do Evangelho, “Causas Anteriores das Aflições”, da qual eu cito alguns excertos:

Que dizer, por fim, das crianças que morrem em tenra idade e só conheceram da vida o sofrimento? Problemas, todos esses, que nenhuma filosofia resolveu até agora, anomalias que nenhuma religião pode justificar, e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, segundo a hipótese da criação da alma ao mesmo tempo em que o corpo, e da fixação irrevogável da sua sorte após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram elas, essas almas que acabam de sair das mãos do Criador, para sofrerem tantas misérias no mundo, e receberem, no futuro, uma recompensa ou uma punição qualquer, se não puderam seguir nem o bem nem o mal?

Entretanto, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa,essas misérias são efeitos que devem ter a sua causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora a causa sendo sempre anterior ao efeito, e desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente. Por outro lado, Deus não podendo punir pelo bem o que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos punidos, é que fizemos o mal. E se não fizemos o mal nesta vida, é que o fizemos em outra. Esta é uma alternativa a que não podemos escapar, e na qual a lógica nos diz de que lado está à justiça de Deus.

O homem não é, portanto, punido sempre, ou completamente punido, na sua existência presente, mas jamais escapa às conseqüências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, pois aquele que sofre está sendo submetido à expiação do seu próprio passado. A desgraça que, à primeira vista, parece imerecida, tem portanto a sua razão de ser, e aquele que sofre pode sempre dizer: “Perdoai-me, Senhor, porque eu pequei”.

O homem encarnado na Terra ainda tem um longo caminho a percorrer na senda evolutiva. Daí se entende as palavras de Jesus:

“É necessário que o mal suceda na Terra”, ou seja, o homem, que traz consigo uma carga grande de faltas a expiar, torna o mal condição necessária para expiar suas faltas.

Mas ai daquele por quem vem o mal”, porque o homem sempre tem a escolha de não ceder, e assim, superar suas más inclinações e progredir. Disso, aliás, consiste a prova: o homem ao renascer sabe que passará por ela, mas o seu progresso consiste em resistir, dominar em si mesmo sua inclinação ao mal, e vencer a prova. Os que sucumbem, terão novas oportunidades de reacerto (nisso consiste a Justiça Divina) onde terão que sofrer as consequências de suas escolhas, até se depurarem.

Vou encerrar com uma linda mensagem do Evangelho Segundo o Espiritismo, transmitida em 1863 por um membro da Sociedade Espírita de Paris, de nome SANSÃO:

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

PERDA DE PESSOAS AMADAS E MORTES PREMATURAS

21– Quando a morte vem ceifar em vossas famílias, levando sem consideração os jovens em lugar dos velhos, dizeis freqüentemente: “Deus não é justo, pois sacrifica o que está forte e com o futuro pela frente, para conservar os que já viveram longos anos, carregados de decepções: leva os que são úteis e deixa os que não servem para nada mais; fere um coração de mãe, privando-o da inocente criatura que era toda a sua alegria”.

Criaturas humanas, são nisto que tendes necessidades de vos elevar, para compreender que o bem está muitas vezes onde pensais ver a cega fatalidade. Por que medir a justiça divina pela medida da vossa? Podeis pensar que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-vos penas cruéis? Nada se faz sem uma finalidade inteligente, e tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos atingem, sempre encontraria nela a razão divina, razão regeneradora, e vossos miseráveis interesses representariam umas considerações secundárias, que relegaríeis ao último plano.

Acreditai no que vos digo: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais. A morte prematura é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que se vai, sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é uma vítima da fatalidade, pois Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra.

É uma terrível desgraça, dizeis, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! Mas de que esperanças querem falar? Das esperanças da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita, que não consegue elevar-se acima da matéria! Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida tão cheia de esperanças, segundo entendeis? Quem vos diz que ela não poderia estar carregada de amarguras? Considerais como nada as esperanças da vida futura, preferindo as da vida efêmera que arrastais pela Terra? Pensais, então, que mais vale um lugar entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados?

Regozijai-vos em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique, para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não tem fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós, espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães, vós sabeis que vossos filhos bem-aventurados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto: seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento; mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revela uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração, chamando esses entes queridos. E se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós mesmas a consolação poderosa que faz secarem as lágrimas, e essas aspirações sedutoras, que vos mostram o futuro prometido pelo soberano Senhor.

Desejo-lhe muita paz,
Liz Bittar

por Liz Bittar em 05 de Setembro de 2013
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